Sondagens revelam ainda que os cidadãos reconhecem que a proteção marinha real na UE está longe do mínimo necessário
Bruxelas, 25 Junho 2024 – Cerca de 9 em cada 10 cidadãos (86%) inquiridos em sete países da União Europeia (UE) esperam que os seus líderes políticos dêem prioridade à proteção da biodiversidade marinha, de acordo com os resultados das sondagens nacionais realizadas pela empresa Sapience e publicadas hoje. O estudo identifica que, para proteger o oceano, os cidadãos consideram essencial ou importante a salvaguarda das espécies marinhas ameaçadas, dos habitats marinhos e o fim da sobrepesca – 97%, 96% e 93%, respetivamente. Após as eleições europeias, esta é uma mensagem clara para a nova Comissão Europeia e para os novos deputados do Parlamento Europeu, para que coloquem as questões dos oceanos no centro dos seus mandatos.
As sondagens revelam ainda que 9 em cada 10 cidadãos (90%) acreditam que, para proteger a biodiversidade marinha, as áreas marinhas protegidas (AMP) são um instrumento necessário. Nos sete países inquiridos, 82% dos cidadãos acreditam numa regulamentação mais rigorosa da pesca de arrasto de fundo (variando entre 75% de apoio nos Países Baixos e 93% em Portugal) e 73% dos cidadãos apoiariam a proibição desta prática de pesca destrutiva nas AMP da UE. Uma sondagem recente do Eurobarómetro confirmou que os cidadãos europeus atribuem grande importância às questões ambientais e acreditam amplamente que é necessária legislação para proteger o ambiente.
Nicolas Fournier, diretor da campanha da Oceana na Europa, afirmou “Apesar das alegações contra o Pacto Ecológico Europeu e a proteção do ambiente feitas pelas forças conservadoras e de extrema-direita durante a campanha eleitoral, os factos não mentem: os cidadãos da UE querem mais proteção marinha. As restrições à pesca destrutiva em áreas protegidas são uma forma de o conseguir. Apelamos aos novos líderes políticos da UE para que protejam os mares da Europa e respondam às crises climáticas e de biodiversidade que os ameaçam, salvaguardando também o futuro das comunidades dependentes dos oceanos, incluindo os pescadores”.
Tatiana Nuño, responsável sénior de política marinha da Seas at Risk, afirmou “Os recentes anúncios dos governos grego e sueco de que irão proibir a pesca de arrasto de fundo em áreas marinhas protegidas, juntamente com o esmagador apoio público a uma proteção marinha mais rigorosa revelado por estas sondagens europeias, devem desencadear uma tendência positiva de acções concretas durante o próximo ciclo político da UE. A prática destrutiva da pesca de arrasto de fundo deve ser banida de todas as áreas protegidas europeias para preservar um oceano saudável que, por sua vez, pode apoiar empregos sustentáveis e uma economia azul resiliente”.
Gonçalo Carvalho, coordenador executivo da Sciaena, afirmou “Estes resultados são particularmente relevantes para Portugal, já que os inquiridos do nosso país foram os que mais expressivamente se manifestaram a favor de medidas de conservação marinha, também por acreditarem que estas podem ser importantes para atividades como a pesca e as comunidades costeiras.”
As sondagens da UE foram realizadas em abril de 2024 pela agência de sondagens independente Sapience [1], que inquiriu 1000 pessoas na Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Portugal, Espanha, Suécia e Países Baixos, representativas das populações nacionais.
Mais de metade dos inquiridos (54%) nos sete países em que foram realizadas as sondagens acreditam que as AMP – designadas para proteger habitats e espécies marinhas vulneráveis – são eficazes. Este facto revela uma grande diferença de compreensão entre o que as pessoas acreditam ser a proteção efetiva da vida marinha e a dura realidade da pesca destrutiva no interior das AMP. De facto, um relatório publicado pela Oceana, Seas At Risk e Marine Conservation Society em abril revelou que, na realidade, a pesca de arrasto de fundo está a ser praticada em 90% das AMP da UE ao largo, devastando os próprios habitats e espécies que estas zonas se destinam a proteger. Concretamente, o relatório concluiu que, entre 2015 e 2023, 4,4 milhões de horas de pesca de arrasto de fundo aparente estavam a ser praticadas nas AMP, nos mesmos sete países das sondagens.
No entanto, as sondagens também revelam que um maior conhecimento das AMP entre os cidadãos está correlacionado com um maior apoio a uma legislação mais rigorosa sobre as mesmas – variando entre cerca de 40% de apoio entre os que não têm qualquer conhecimento e quase 60% entre os que têm um grande conhecimento.
Background
A Oceana e a Seas At Risk co-lideram “Dos parques de papel à proteção efetiva”, um projeto que reúne ONG de toda a UE para lutar por áreas marinhas que sejam protegidas na prática e não apenas no papel.
O arrasto de fundo é um método de pesca que envolve um ou mais barcos que puxam redes de pesca pesadas ao longo do fundo do oceano, num esforço para capturar peixe e outras espécies marinhas, como o camarão. É um dos métodos de pesca mais destrutivos, resultando na perda de ecossistemas, na libertação de carbono armazenado no fundo do mar e em elevados níveis de capturas acessórias e rejeições de peixe.
Notas aos editores
[1] A Sapience é uma agência independente de investigação e consultoria com sede em Bruxelas, presente em 19 mercados. As sondagens foram encomendadas pelas ONG Oceana e Seas At Risk.
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