A Sciaena lançou hoje (15/10/2025) um guia útil e acessível a todos os interessados na proteção do nosso oceano “7 Dicas para uma AMP”. Este lançamento ocorreu inserido num dos vários eventos no parlamento europeu dedicados à semana do Oceano, com o objetivo de apresentar exemplos concretos de projetos de áreas marinhas protegidas (AMP) bem-sucedidos em toda a UE.
Este guia tem como objetivo inspirar e motivar a sociedade civil e em especial as comunidades costeiras a tentar replicar o processo que levou à criação da mais recente área marinha protegida em Portugal, Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado.
Esta AMP é o resultado de um processo participativo sem precedentes, que envolveu mais de 70 entidades, durante quase três anos, baseado em informação científica sólida e nos valiosos contributos de todas as entidades envolvidas.
No Algarve, na zona costeira entre Albufeira e o Farol de Alfanzina, que se estende por três concelhos, Albufeira, Lagoa e Silves, existe o maior recife rochoso costeiro pouco profundo de Portugal Continental. Este recife é desde há muito conhecido pela população local dada a riqueza deste ecossistema. Beneficia de condições únicas que permitem a existência de mais de 900 espécies, 12 das quais novas para a ciência, favorecendo a biodiversidade marinha e a produtividade da zona.
Este processo teve início após as comunidades locais alertarem para a necessidade de proteger este local, nomeadamente os representantes da pesca local. O envolvimento do Centro de Ciências do Mar e da Fundação Oceano Azul, das associações de pescadores, dos municípios de Albufeira, Silves e Lagoa e da Junta de Freguesia de Armação de Pêra levou ao início de um processo participativo com o objetivo de proteger este recife.
Este processo participativo decorreu de 2019 a 2021 e contou com a participação de associações de pesca profissional e lúdica, representantes de empresas marítimo-turísticas, administração local, regional e central, centros de investigação científica, federações desportivas, autoridade marítima, agrupamentos escolares, organizações não-governamentais e associações empresariais. Foram realizadas seis sessões presenciais, mais de 60 reuniões bilaterais e uma sessão final para apresentar a proposta de zonamento e as bases para o regulamento desta nova área marinha protegida.
A Sciaena, por ter como pilar do seu trabalho pela conservação marinha a interdisciplinaridade, considera que para se proteger e valorizar o capital natural, é preciso ter em conta os interesses e necessidades das comunidades que dele dependem, aliado sempre a uma sólida fundamentação técnica e científica, através de processos participativos inclusivos. O processo que levou à criação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, é um excelente exemplo disso, no qual a Sciaena participou e contribuiu desde o início. Foi de facto um processo pioneiro, que acreditamos vir a trazer ainda mais contributos positivos para o futuro da proteção do oceano.
O futuro da proteção do oceano passa por dar voz às comunidades costeiras locais, em colaboração com todas as partes interessadas, para que a visão comum para as futuras áreas marinhas protegidas possa ser partilhada por todos, ao incluir os interesses e necessidades locais, de modo a contribuir para que planos de gestão adequados destes espaços existam e sejam aplicados. Um oceano saudável depende de comunidades capacitadas e informadas. Só assim será possível assegurar um uso sustentável dos recursos marinhos e perpetuar o valor intrínseco que o oceano representa para todos nós.
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