No final do mês de Maio chegou ao fim o projeto Mulheres da Ria, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e que decorreu na Ilha da Culatra. O objetivo do projeto foi de reconhecer, valorizar e fortalecer o papel das mulheres da Ilha da Culatra na ação climática, particularmente na conservação das pradarias marinhas e na sustentabilidade da Ria Formosa. O projeto surgiu no contexto do trabalho que a Sciaena tem vindo a desenvolver com a comunidade da ilha, mais especificamente com um grupo de mulheres dedicadas à mariscagem, pesca e viveirismo.
As visitas à comunidade começaram no verão de 2024, com várias sessões informais, onde foi explicado o projeto e planeado o desenvolvimento conjunto dos trabalhos no terreno. Ao longo desses meses ocorreram várias sessões onde foram levantadas informações base sobre a percepção das participantes em relação às pradarias marinhas, alterações climáticas, as ameaças ao ecossistema e recursos marinhos. A maioria das sessões foram entre a equipa da Sciaena e o grupo voluntário de mariscadoras, mas ocorreram também sessões com convidados externos de modo a capacitarem as mariscadoras sobre determinadas temáticas, nomeadamente – Carmen de los Santos, investigadora do CCMAR, que lhes falou sobre pradarias marinhas para logo introduzir o tema do carbono azul, que foi apresentado por Cláudia Sil, em representação da BlueZ C no âmbito de um projeto financiado pelo mesmo programa.
Sendo a Ocean Alive um dos parceiros do projeto, foi possível realizar duas visitas de intercâmbio entre as comunidades de mulheres de Setúbal e da Culatra. As participantes receberam as mariscadoras de Setúbal na Culatra e, por sua vez, as Mulheres da Ria visitaram Setúbal para conhecerem o trabalho das Guardiãs do Sado. Estas visitas foram consideradas um dos pontos altos do projeto, tendo contribuído para a perceção das voluntárias sobre as pradarias marinhas, reconhecendo o seu valor socioeconómico e os desafios e conquistas de outras mulheres num contexto semelhante.
No decorrer do projeto houve um fortalecimento claro da autoconfiança e vontade de agir das mulheres envolvidas, tendo demonstrado que adquiriram conhecimentos técnicos e destacaram questões prioritárias estruturais da comunidade. O projeto contribuiu para que soubessem mais acerca das alterações climáticas e para a importância das pradarias de ervas marinhas para as suas atividades e o bem-estar da Ria Formosa. A importância de uma comunicação e escuta ativa entre a equipa e as participantes, assim como a presença constante na comunidade, de modo a ter uma comunidade envolvida e capacitada, foi um grande destaque ao longo do ano em que decorreu o projeto.
A colaboração das participantes e entidades parceiras foi crucial para alcançar os objetivos do projeto, contribuindo para empoderar ativos importantes da comunidade e dar-lhes voz para partilharem as suas preocupações sobre os impactos das diversas atividades que ocorrem na Ria Formosa.
Um dos resultados do projeto, tendo como base as experiências das participantes e a importância das pradarias de ervas marinhas e das atividades de pesca e apanha de baixo impacto na Ria Formosa, foi o desenvolvimento com elas de um guia de boas práticas.
Este projeto trouxe grandes aprendizagens para a equipa da Sciaena, o que permitiu reforçar a relação com a comunidade da Ilha da Culatra que está empenhada em fazer as mudanças necessárias de modo a que as suas atividades socioeconómicas tenham o menor impacto ambiental possível. Agradecemos por isso às Mulheres da Ria que aceitaram o desafio, assim como às entidades parceiras do projeto.
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