Sciaena congratula Portugal pelo reforço da proteção do Gorringe e pede medidas efetivas de conservação
11 de Junho, 2025
Nice, 11 de junho de 2025
Portugal deu hoje mais um passo na conservação do seu património natural marinho. O monte submarino Gorringe irá até ao final do ano ver reforçado o seu estatuto de conservação, com uma ampliação da área total e passando uma percentagem desta a ser designada de proteção total. O Gorringe foi classificado como Zona Especial de Conservação (ZEC) em 2015, o que permitia, no entanto, várias atividades extrativas dentro dos seus limites que a partir de agora serão proibidas ou muito limitadas.
O monte submarino ou banco do Gorringe situa-se a sudoeste do cabo de São Vicente, a cerca de 200 km da costa portuguesa, ainda dentro dos limites da sua Zona Económica Exclusiva (ZEE). Este banco submarino ocupa cerca de 2.2 milhões de hectares de área marinha (mais concretamente 22.927,78 km²), e tem mais de 180 km de extensão. Os montes submarinos são montanhas que se elevam do fundo do mar e modificam as correntes oceânicas, permitindo a subida de nutrientes das profundezas para a superfície. Este fenómeno cria zonas ricas em alimento assim como abrigo, atraindo uma grande diversidade de vida marinha, constituindo assim verdadeiros oásis de vida.
Segundo Henrique Folhas, responsável pelos temas das Áreas Marinhas Protegidas e Restauro da Sciaena, “esta é uma excelente decisão, que visa proteger um dos hotspots de biodiversidade marinha mais importantes para Portugal. Mas há que dar continuidade a este anúncio, nomeadamente com a designação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas (AMP) da zona de Portugal continental e, sobretudo, com a adoção de medidas efetivas que tornem efetiva a proteção, nomeadamente assegurando que as práticas de pesca destrutivas e outras atividades extrativas que comprometem os objetivos de conservação destas áreas são efetivamente proibidas em pelo menos 10% da rede.”
Portugal tem atualmente cerca de 7% das áreas costeiras e marinhas sob jurisdição nacional classificadas como AMP. Desde a primeira Conferência do Oceano das Nações Unidas (UNOC, em inglês) (que decorreu em Nova Iorque em junho de 2017), que Portugal tem vindo a apresentar sucessivos compromissos sobre este assunto, tendo a Ministra do Ambiente Maria da Graça Carvalho reforçado já no decorrer da 3ª UNOC o compromisso de proteger cerca de 30% do seu espaço marítimo nacional até 2030.
Gonçalo Carvalho, Coordenador Executivo da Sciaena acrescenta, “é importante o apoio aos pescadores para se adaptarem à criação das novas AMP, mas é essencial que este se foque na transição para pesca de baixo impacto e na criação de atividades económicas complementares, nomeadamente as que beneficiam e dependem da conservação do ambiente”.